sexta-feira, 1 de junho de 2012

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Eu vi crianças implorando por algumas moedas para poder ajudar a mãe a comprar o próximo jantar. Elas podiam pedir um carrinho, uma boneca, até mesmo um vídeo game. Mas elas só queriam ter algo para comer.
Vi mães passando fome para seus filhos terem o que comer. Elas podiam estar fazendo a comida preferida do filho mais velho e dando algum doce de sobremesa, que a filha mais nova adorava. Mas ela não tinha nenhum dos dois.
Eu ouvi o choro da esposa que apanhava do marido por não deixá-lo bater em seu filho. Ela podia estar o abraçando depois de um longo dia de trabalho e dizendo como o ama. Mas ele bebia.
Passei em frente uma senhora que estava sentada na calçada pedindo dinheiro para comprar o café da manhã. Ela podia estar na casa dela vendo programas de culinária do tipo que minha avó adora. Mas ela não tinha casa.
Eu vi um jovem que não precisava pedir dinheiro, pois seus pais davam tudo o que ele queria. Sempre que ele sentia vontade de comer algo seus pais compravam, por mais caro que fosse.
Esse jovem odiava ir à casa de sua avó, pois achava tedioso o fato dela só ver programa de culinária, mas adorava as comidas que ela fazia.
Sempre que o pai desse jovem chegava do trabalho dava um beijo na sua mãe, mas não o beijava, pois o jovem achava clichê demais.
Mas aquele jovem tinha depressão, ele se cortava e chorava toda noite. Achava-se injustiçado e se revoltava com tudo que não fosse da maneira dele. Fazia questão de mostrar para todos que seus pais eram os piores pais do mundo e odiava a própria família. Ele dizia que quando fizesse dezoito anos iria sair de casa.
Ele podia não ter o que comer, não ter onde morar, onde dormir. Podia passar frio toda noite ou ver sua mãe apanhando de seu pai todos os dias. Mas a ignorância na cabeça dele era muito grande para ele dar valor no que tinha.